sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

MELHOR IMPOSSÍVEL (As Good As It Gets, Estados Unidos, 1997)







Este filme pode não ser lançamento, mas emoções e sentimentos continuam existindo e resistindo mesmo se o filme já tiver passado. É o caso com este filme. Não importa o tempo em que ele exista, ele sempre trará emoções e sentimentos sorridentes para o expectador. Isso porque, de todos os personagens que desfilam neste filme, o personagem principal não é uma pessoa, mas sim um sentimento. Neste filme, o personagem principal é o amor. Ele está no filme desde o começo e, no decorrer da história, se transforma em vários tipos de amores, mas são todos bonitos. E é por isso que, mesmo você estando ruim, esse filme consegue deslumbrá-lo com mensagens que lhe deixam um sorriso e a imagem aconchegante de um abraço amoroso.


Este filme explora a história de múltiplos personagens, mas o foco principal é no personagem de Jack Nicholson que sofre de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e possui uma antipatia extrema. Esse personagem é malquerido por todos, principalmente pelo seu vizinho gay, interpretado por Greg Kinear. A única pessoa que atura levemente o comportamento insuportável do personagem de Jack Nicholson é uma garçonete, interpretada por Helen Hunt.

Já que o personagem de Jack Nicholson sofre de TOC, seu dia a dia é cronometrado, controlado e invariável, mas tudo muda quando seu vizinho gay sofre um ataque de ladrões e aquele personagem precisa cuidar do cachorrinho deste.

Essa mudança forçada foi a primeira que iniciou várias mudanças em cadeia. Foi o contato com o cachorrinho e o carinho que esse animal dava que despertou, naquele homem intragável, o amor. Esse sentimento inesperado permitiu, inconscientemente, uma nova visão das coisas, permitindo que viesse a aparecer um início de compaixão com seu vizinho que ainda estava se recuperando.

Outro choque aconteceu quando a sua garçonete teve de faltar ao trabalho para cuidar do filho dela. Essa mudança sobrecarregou o personagem de Jack Nicholson e o mesmo providenciou médico e tratamento para o menino. Essa medida parecia egoísta no começo, mas até mesmo aquele personagem se viu surpreendido e sem dormir quando percebeu que o mesmo fizera tudo isso, de novo, por amor.

Os personagens que estou mencionando são excelentemente trabalhados no roteiro, apresentando dimensões desvendadas até o final do filme. Não é só o personagem de Jack Nicholson que se desenvolve, são todos os outros também, por isso esse filme é de todos e não só de um personagem.

O trabalho dos atores é todo de primeira grandeza. Jack Nicholson está irretocável. Helen Hunt dá todo o apoio e suporte à história, chegando a brilhar sozinha também. Greg Kinear como o vizinho gay está impressionante, a sensibilidade e a vulnerabilidade desse personagem estão todos lá, e isso foi trabalho do ator que soube expressar isso tão bem.

Neste filme, sutilezas dos personagens denotam sentimentos e emoções que podem até passar despercebidos, mas não deviam. Contrações na face, olhares e linguagem corporal dos personagens mostram a transição da relação entre eles. Todos tinham um sentimento de repulsa entre si, mas circunstâncias da vida mostraram que esses que se repudiavam, na verdade, eram as pessoas mais necessárias em suas vidas.


A afeição para um animal antes rejeitado fez surgir o amor protetor. Da compaixão para com o mais fragilizado apareceu o amor ao próximo. Com a ausência forçada, admitiu-se que se sentia um amor carinhoso, carnal e verdadeiro. Tudo isso nos é mostrado neste filme, e é tudo divertido e belo. E assim é a vida. Pessoas nos rodeiam e se relacionam conosco, mas a importância dessas pessoas muitas vezes é relutada por nós. Essa resistência teimosa atrapalha e nos faz perder chances de felicidade. Por isso, sejamos disponíveis ao amor, pois, como o filme mostra, quem nos ama estará por perto, mostrando, cada um a sua maneira, seu sentimento. E assim, consigo sempre acabar este filme com um sorriso.

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